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rusty

 

O aço, frio no início, é aquecido a mais de 1000 °C para ser moldado. Ao ser cortado, produz faíscas que ardem na pele, marcam a roupa e queimam os fios de cabelo.

A serra que ruge a 6000rpm,  aguça todos os sentidos, mantendo-o alerta e receoso. Bordas e rebarbas de aço brilham ao corte e logo se tornam alaranjadas pela ferrugem, que corroem tudo que toca. 

Este é o aço que chega ao atelier do artista plástico Tiago Curioni, que logo trata de retalhá-lo em centenas de recortes espalhados pelo piso, de forma aleatória e imprecisa. Um croqui tenta organizar o pensamento, mas a verdade é que a peça que surgirá dali, nem o artista saberá como será. Fatalmente será montada e remontada diversas vezes e nunca acabará como se imaginaria que fosse no início. A vida de um artista é, senão esta: uma briga constante com sua obra. A insatisfação que reluta frente a sua personalidade perfeccionista talvez seja seu  maior infortúnio. Sim, é esta luta entre criatura e criador, onde o fim só se dá quando um dos dois se rendem ou os dois são vencidos pelo cansaço.

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